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Seca prolongada no Rio Paraguai deve prejudicar volta da navegação comercial



Com embarques suspensos desde novembro do ano passado, o Rio Paraguai registrou um nível que já preocupa aqueles que utilizam a navegação comercial. Na primeira semana deste mês, o nível do rio na régua de Ladário chegou a 66 centímetros, isto é, 1,36 metro abaixo do nível regular para o período.


Medição da Marinha do Brasil aponta que o nível na região segue abaixo das projeções para o período, tendo chegado ao mínimo de 39 cm no dia 26 de novembro de 2023.


A situação do nível do Rio Paraguai este ano para esta época está muito ruim. Hoje, dia 7 de fevereiro de 2024, ele está com a marca de 68 centímetros aqui na régua de Ladário, que é a régua de referência de toda a Bacia do Alto Paraguai”, explica o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani.


O pesquisador ressalta que a situação ocorre em função de dois aspectos principais, o primeiro deles é o baixo nível após a descida das águas (que vem de MT), e o segundo é que o rio enfrenta vários anos de estiagem.


Vale destacar que, em comparação com anos anteriores, durante a ocorrência de cheias, o Rio Paraguai começava a subir de forma significativa a partir da segunda quinzena de dezembro, o que não aconteceu no ano passado.


Padovani pontua ainda que o nível da água do Rio Paraguai em Ladário é consequência das águas dos rios que estão na cabeceira, como os rios Cuiabá e São Lourenço.


Os níveis dessas fontes de água, tanto do Rio Paraguai, em Cáceres, como do Rio Cuiabá [na cidade homônima], subiram e desceram, potencializando a possibilidade de que essa situação não mude muito, porque, principalmente os níveis dos rios lá na porção mais alta, respondem muito rapidamente à chuva”, afirma Padovani.


De acordo com meteorologistas, com a escassez de chuvas na região norte de Mato Grosso do Sul em outubro e novembro de 2023, assim como em Mato Grosso, a probabilidade inicial era de que o nível se recuperasse a partir de janeiro deste ano, porém, mais lentamente. A redução das chuvas está sendo atribuída ao fenômeno El Niño, que deve manter sua influência até abril.


No dia 1º de janeiro de 2023, o nível estava em 32 cm em Ladário. No fim do mês, já havia subido 96 cm e estava em 1,28 metro. A partir do momento em que o nível passa de um metro, a navegação pode ser retomada, mas ainda sem carga total nas barcaças. A capacidade máxima começa a partir de 1,5 metro na régua de Ladário.


O nível máximo que o rio alcançou na régua de Ladário ao longo de 2023 foi 4,24 metros, em meados de julho. Naquele período, a água chegou a sair do leito e alagou algumas planícies pantaneiras, o que não acontecia desde 2018, quando o pico foi de 5,35 m.


Quando não há ocorrência de níveis regulares no primeiro semestre, o transporte pela hidrovia precisa ser suspenso já no começo do segundo semestre.


Em 2020, 2021 e 2022, os embarques foram suspensos já em agosto e setembro. Agora, pelo fato de ter havido uma cheia um pouco maior, eles foram mantidos até os primeiros dias de novembro.


Embora deixe claro que ainda é cedo para dizer se haverá ou não cheia no Pantanal este ano, o pesquisador da Embrapa Pantanal frisa que quatro dos seis meses chuvosos na bacia pantaneira já se passaram e a chuva ficou muito abaixo da média. 


Em dezembro, foi menos da metade na cabeceira de praticamente todos os afluentes e nas nascentes do Rio Paraguai”, explica Padovani. 


Por isso, “é muito provável que tenhamos muitas dificuldades no transporte hidroviário. Além da falta de chuva, enfrentamos meses de intenso calor, e isso influencia fortemente a queda rápida do nível das águas, já que a evaporação tem papel fundamental na bacia pantaneira”, disse o pesquisador.


E quando Padovani fala em transporte hidroviário ele se refere principalmente ao escoamento de minérios a partir dos portos de Ladário e Corumbá. Ao longo do ano passado, foram transportados 5,8 milhões de toneladas pela hidrovia, ou seja, 40% a mais do que no ano anterior e um volume recorde na série histórica.


Em 2023, os embarques começaram a partir de meados de janeiro, quando o nível do rio passou de 1 metro em Ladário, e continuaram até o começo de novembro, quando voltou a ficar abaixo disso.


Enquanto o nível não ultrapassa 1,5 metro, os comboios descem sem carga máxima. Neste ano, contudo, por conta da falta de água, não existe perspectiva nem mesmo para que as barcaças comecem a descer com meia carga.


Enquanto isso, cerca de 350 carretas com 70 toneladas de minérios saem diariamente da região de Corumbá e percorrem a única rodovia asfaltada que cruza o Pantanal, a BR-262, que também está longe de estar nas melhores condições. Desde março do ano passado, a ponte sobre o Rio Paraguai opera no sistema de pare e siga. 


Com informações do Correio do Estado

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