Mato Grosso do Sul é o quinto maior produtor de grãos do País, mas o deficit atual de armazenagem da safra é de 12,575 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com uma safra de 24,632 milhões de toneladas no ano passado, a capacidade de armazenamento de grãos no Estado não chega à metade do acumulado da produção, contando com um espaço para estocar 12,057 milhões de toneladas.
Conforme análise da equipe técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), a capacidade estática para armazenagem da produção de grãos é insuficiente, pois, em uma única safra, a produção de soja a partir de 2019/2020 superou a capacidade de estocagem do Estado.
“Com isso, a capacidade nos últimos anos apresenta um crescimento de 3,3%, enquanto a produção de grãos, 7,1%”, detalha a federação.
Análise da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) aponta que, no ano passado, a capacidade de armazenagem do Estado foi de 12,057 milhões de toneladas, valor que representa um aumento de 40% quando comparado com a capacidade de 10 anos atrás.
“Do total de produção de soja e milho, Mato Grosso do Sul armazena somente 36%”, destaca em nota a Aprosoja.
Conforme estatísticas da Conab, atualmente, Mato Grosso do Sul é o sexto maior estado em capacidade estática do País.
Contudo, a análise técnica do Sistema Famasul ressalta que MS está em ritmo acelerado de crescimento e com avanços em tecnologia, como as usinas de etanol de milho, que estão em atividade para consumir parte da produção excedente de milho.
Sobre a necessidade de expandir a capacidade de armazenar grandes quantidades de grãos, a federação pontua que, com planejamento estratégico alcançado, é possível escoar e comercializar em melhores períodos, e esse pode ser um grande diferencial na rentabilidade.
“Outro ponto é a melhora da logística no pico da safra, evitando o congestionamento da cadeia. Dessa maneira, a agroindústria garante a qualidade e a continuidade no fornecimento das matérias-primas utilizadas no processo produtivo”, elenca o Sistema Famasul.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) recomenda que a capacidade estática de armazenagem de um país seja igual a 1,2 vezes sua produção agrícola anual, e o nível indicado para o Brasil e para Mato Grosso do Sul é de cerca de 387,2 milhões de toneladas e 30,84 milhões de toneladas, respectivamente.
A Aprosoja-MS corrobora que a falta de armazéns suficientes acarreta diversos desafios para os produtores, destacando-se o tempo de espera dos caminhões para descarregar os grãos no local de conservação, que costuma ser relativamente longo durante os períodos de colheita.
“Essa situação resulta em interrupções na colheita, gerando longos períodos de espera para que possam armazenar seus grãos de maneira adequada. Em função da lentidão da colheita, os produtores ficam sujeitos a perdas, pois a imprevisibilidade das condições climáticas pode causar prejuízos durante esse processo, com riscos de chuvas excessivas, ventos fortes, geadas ou até mesmo acidentes com fogo”, pontua a Aprosoja-MS.
A má condição da estocagem também é destacada como motivo de prejuízo, podendo levar à deterioração dos grãos, em razão de fatores como insetos, fungos e umidade, o que, por sua vez, resulta na redução da qualidade dos grãos e, consequentemente, em perdas financeiras.
Economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo ressalta que, para contornar as dificuldades da logística de grãos, alguns produtores aceleram suas vendas ou – se têm condições – armazenam sua produção em silos bag, para aguardar a recomposição dos preços, mantendo os grãos protegidos das adversidades do tempo.
“Assim, é notório que uma maior capacidade para o armazenamento de grãos protege os empresários do meio rural das ações especulativas dos mercados, mas, infelizmente, existem produtores que não dispõem de capacidade suficiente e que são penalizados pelos preços de mercado”, adiciona o economista.
Mato Grosso do Sul tem 933 armazéns cadastrados na Conab. A maior concentração de armazéns está presente nos principais polos produtivos, e seu crescimento vai de acordo com a produção do município, ou seja, conforme a agricultura avança, as empresas investem na região para construção de novos armazéns.
Vale destacar que o Estado apresenta um crescimento anual para produção de grãos de aproximadamente 7%, ante um crescimento em armazenagem de 3,3% ao ano.
Para o Sistema Famasul, a elevada produção está sendo um desafio, necessitando que as empresas atuem de forma rápida para conseguir transportar ou transformar os grãos.
“Para isso, é necessário fomentar a cultura da construção de armazenagem própria com o produtor rural; simplificar o processo de captação de recursos com agentes bancários, com taxas e prazos adequados à prática de armazenagem de grãos; e aumentar o conhecimento do produtor sobre os manejos de qualidade pós-colheita dos produtos armazenados. [Fica] garantida melhor viabilidade econômica ao produtor que optar pela construção de silo em sua propriedade”, conclui a federação em análise técnica.
Com informações do Correio do Estado
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